quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Estudo de DNA revela que malária surgiu com gorilas

Agência Fapesp
SÃO PAULO - Sabe-se que os chimpanzés são a fonte do vírus HIV-1, principal causa da aids, e suspeitava-se que eles também fossem o reservatório de origem do Plasmodium falciparum, parasita que causa a forma mais severa de malária. Mas um novo estudo indica outro primata: o gorila.
Reuters/T. Breuer/Wildlife Conservation Society
Reuters/T. Breuer/Wildlife Conservation Society
Foi achado plasmódio em gorilas-do-ocidente e chimpanzés
A conclusão está em um artigo publicado como destaque de capa na edição desta quinta-feira, 23, da revista Nature. Weimin Liu, da Universidade do Alabama, nos Estados Unidos, e colegas de diversos países analisaram cerca de 3 mil amostras de fezes colhidas em diversos locais da África Central.
Foram identificadas infecções por plasmódio em gorilas-do-ocidente (Gorilla gorilla) e em chimpanzés (Pan troglodytes), mas não em gorilas-do-oriente (Gorilla beringei) ou em bonobos (Pan paniscus).
O estudo demonstrou que os parasitas de malária do gorila-do-ocidente, a espécie mais comum do gênero Gorilla, são as que mais se aproximam do parasita que atinge o homem.
Os pesquisadores observaram que infecções por plasmódio em primatas são altamente prevalentes, bastante distribuídas e quase sempre resultado de várias espécies de parasitas.
Análises de mais de 1,1 mil sequências genéticas mitocondriais e nucleares de gorilas e chimpanzés revelaram que 99% estavam agrupadas em seis linhagens específicas de hospedeiros, que representam espécies distintas de Plasmodium dentro do subgênero Laverania.
Os pesquisadores descobriram que uma das linhagens, encontrada em gorilas-do-ocidente, continha parasitas praticamente idênticos ao Plasmodium falciparum. “Os resultados indicam que o P. falciparum tem origem em gorilas, e não em chimpanzés, bonobos ou antigos humanos”, afirmam os especialista no artigo.

Fonte: www.estadao.com.br/noticias

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Ancestral do HIV tem pelo menos 32 mil anos, diz estudo


Pesquisadores investigam o surgimento do vírus no símios para entender como ele se transferiu aos humanos

The New York Times
Gorilas no parque nacional de Virunga, na República Democrática do Congo
Gorilas no parque nacional de Virunga, na República Democrática do Congo (Brent Stirton/Staff/Getty)
Numa descoberta que lança nova luz sobre a história da Aids, cientistas descobriram evidências de que o ancestral do vírus que causa a doença tem ocorrido em macacos e símios pelo menos há 32 mil anos – e não apenas há algumas centenas de anos, como anteriormente se pensava.

Isso significa que os seres humanos foram expostos muitas vezes ao SIV (o vírus da imunodeficiência em símios), pois caçam macacos há milênios, arriscando a se infectar cada vez que um açougueiro preparava a comida. E essa suposição, por sua vez, complica uma questão que tem atormentado os cientistas que estudam a Aids durante anos: o que aconteceu na África no começo do século 20 para permitir que a doença se transferisse de macacos para humanos, mudando para tornar-se mais facilmente transmissível e, em seguida, explodir como um dos maiores assassinos da história, que já ceifou 25 milhões de vidas até agora?

Entre as teorias dos pesquisadores estão o crescimento das cidades africanas e a proliferação de seringas baratas.

A confirmação de que o vírus é muito antigo ajuda a explicar porque ele infecta quase todos os macacos africanos, que não ficam doentes. Ao longo de gerações, como qualquer doença, mata as vítimas mais vulneráveis, mas os contaminados se adaptam a ela.

A nova pesquisa, publicada na revista Science, foi relativamente simples. Os cientistas testaram 79 macacos de Bioko, uma ilha vulcânica ao largo da costa oeste africana. Boiko era o final de uma península ligada ao continente onde hoje fica Camarões, mas se separou quando o nível do mar subiu, 10 mil anos atrás, no final da última era glacial.

Desde então, seis espécies de macacos evoluíram isolados na ilha, e os cientistas do Centro Nacional de Pesquisas de Primatas, na Louisiana, e outras universidades nos Estados Unidos e na África constataram que quatro espécies tinham membros infectados com o SIV.

As quatro cepas nas quatro espécies são geneticamente muito diferentes – o que significa que provavelmente não vieram de macacos levados para a ilha por humanos em séculos recentes. Mas cada cepa tinha membros infectados dos mesmos quatro gêneros no continente, o que significa que elas existiam antes de Bioko ser isolada.

Sabendo que cada cepa tinha pelo menos 10 mil anos, os cientistas recalcularam o "relógio molecular" do vírus, medindo a velocidade das mutações. Eles acreditam que todas as cepas do SIV que infectam macacos através da África vieram de um ancestral comum, entre 32 mil e 78 mil anos atrás. "Sabia que os dados anteriores não poderiam estar certos, porque o vírus havia se espalhado a partir do Atlântico para o Oceano Índico e para o extremo sul do continente, e não poderia ter feito isso em poucas centenas de anos", disse Preston Marx, virologista do Centro de Primatas.

Beatrice Hahn, virologista da Universidade do Alabama e uma das descobridoras do vírus símio, chamou o estudo de "um documento muito bom", e acrescentou: "Isso é o que pessoas como nós estamos procurando". Métodos anteriores de datação do vírus tinham concluído que ele tinha entre poucas centenas de anos a 2 mil anos "e isso simplesmente não parecia certo", disse Hahn. O vírus ancestral pode ter existido por milhões de anos.


http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia/estudo-afirma-que-ancestral-do-hiv-tem-pelo-menos-32-mil-anos

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Epidemia de cólera assola oeste africano após chuvas espalharem a doença

Epidemia de cólera assola oeste africano após chuvas espalharem a doença

Nigéria vive pior surto em 19 anos; casos chegam a outros países, como Camarões, Chade e Níger

10 de setembro de 2010 | 17h 57
GANJUWA (NIGÉRIA)- Pacientes se amontoam em clínicas rudimentares na Nigéria e trabalhadores usam máscaras cirúrgicas contendo uma solução antibacteriana à medida que o governo tenta conter uma epidemia de cólera que já matou cerca de 800 habitantes em dois meses e deixou outros 13 mil doentes, segundo o Ministério da Saúde local.
Sunday Alamba/AP
Sunday Alamba/AP
Cerca de 800 nigerianos morreram nos últimos 2 meses
A pior epidemia de cólera dos últimos 19 anos na Nigéria - em 1991, 7.654 pessoas morreram, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) - está se espalhando para outros países, como Camarões, Chade e Níger, onde já matou outras centenas de pessoas.
Em uma maternidade e em um hospital na vila rural de Ganjuwa, no norte nigeriano, pacientes sofrem com sintomas como diarreias severas provocadas pela cólera. E os médicos tentam salvar as crianças reidratando-as por via intravenosa.
Como mais e mais pacientes ocupam os leitos das enfermarias, os médicos tiveram de acomodá-los em câmaras e corredores de concreto rodeados por dejetos humanos.
Em vilas como Ganjuwa e cidades de toda a África Ocidental, a falta de água potável tem favorecido o aparecimento de doenças bacterianas transmitidas pela água, como a cólera.
Chuvas sazonais transportaram lixo para esgotos que escoam em poços próximos, contaminando várias famílias. "Essas áreas tornam-se terreno fértil para a cólera", diz Chris Cormency, funcionário do Unicef que monitora a epidemia.
Cormency afirma que a doença começou na Nigéria e, em seguida, se espalhou para o Camarões, onde mais de 300 pessoas morreram e 5 mil ficaram doentes. No Chade, mais de 40 morreram e 600 estão enfermos. Em relação ao Níger, ainda não está claro quantas pessoas foram afetadas.
Depois que uma pessoa foi encontrada com cólera em um trem em Camarões, outras 1.500 pessoas a bordo entraram em pânico. Os responsáveis de Saúde deram antibióticos aos passageiros e tentaram descontaminar o trem, segundo a imprensa do país.
A doença é facilmente prevenida com água potável e saneamento básico, mas, em lugares como a África Ocidental, essa infraestrutura ainda é rara em vilas e favelas.
Na Nigéria, quase metade dos 150 milhões de habitantes não tem acesso a água potável e saneamento adequado, de acordo com a OMS, apesar de o governo arrecadar bilhões de dólares por ano como um dos principais exportadores de petróleo da África.
Oficiais da Cruz Vermelha têm distribuído uma mistura em pó para famílias em Ganjuwa, além de dar conselhos sobre a epidemia. Na cidade de Bauchi, o maior hospital do Estado tem uma clínica composta por profissionais da entidade Médicos Sem Fronteiras, onde mais de cem doentes estão sendo tratados.
Segundo as autoridades, muitos outros pacientes estão recebendo tratamento em clínicas locais ou em casa em vários Estados do norte nigeriano.
Para combater a cólera, voluntários aplicam pulverizadores - que contêm uma solução de cloro para matar as bactérias - nas estreitas ruas de terra de Ganjuwa. As equipes também jogam pastilhas de cloro em poços.
No entanto, o cloro desaparece com o tempo, deixando os poços novamente suscetíveis à doença. Além disso, as chuvas ainda não pararam.

http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,epidemia-de-colera-assola-oeste-africano-apos-chuvas-espalharem-a-doenca,608070,0.htm

sábado, 11 de setembro de 2010

Segundo caso de raiva humana é confirmado no Ceará


 Homem foi atacado por uma cadela que nunca havia sido vacinada     Foi confirmado o segundo caso do ano de raiva humana no país. No Ceará, um homem de 26 anos foi mordido pela cadela que criava em casa e nunca havia sido vacinada contra a doença. Em junho, no Rio Grande do Norte, outra pessoa contaminada morreu após ser atacada por um morcego infectado. Na última década, o Ministério da Saúde registrou 575 casos de raiva humana, que é transmitida principalmente por morcegos, cães e gatos. Até hoje, apenas uma pessoa do país sobreviveu à enfermidade. Desde Abril, 17 estados e o Distrito Federal estão em campanha para a vacinação antirrábica de cães e gatos.
    Graças às ações de prevenção, nos últimos 10 anos, os casos de raiva humana diminuem de forma gradativa. Em 1990, 73 pessoas morreram em decorrência da doença. No ano passado, apenas duas foram contaminadas e não resistiram aos sintomas. Mais de 80% dos casos contabilizados nesse período concentram-se no Norte e Nordeste do país. Por esse motivo, o Ministério da Saúde realiza duas campanhas de vacinação antirrábica por ano nessas regiões.
    O caso mais recente de raiva humana foi registrado no litoral oeste do Ceará, no município de Chaval. Em agosto, um homem foi mordido por uma cadela criada por ele em casa. Após apresentar os primeiros sintomas — febre, agitação psicomotora, excesso de saliva e aerofobia —, o paciente foi internado no Hospital São José. Depois da confirmação do diagnóstico, a equipe do hospital iniciou um tratamento inspirado em procedimentos anteriores que surtiram efeito.
    A raiva é uma doença infecciosa que atinge todos os mamíferos, inclusive o homem. É transmitida quando o vírus presente na saliva do animal infectado penetra no organismo da pessoa sadia, geralmente por meio de mordida, arranhão ou lambida em região lesionada. Os primeiros sintomas da doença nos animais estão associados a mudanças de comportamento — medo sem motivo aparente, inquietação, agressividade e hiperatividade ou melancolia, e sonolência exagerada. No segundo estágio, destacam-se os sintomas relacionados à paralisia da laringe e da faringe — salivação abundante e queixo caído. Os animais que apresentam essas características devem ser isolados e atendidos por funcionários do Centro de Controle de Zoonoses ou da Secretaria de Saúde. A pessoa que é atacada por qualquer animal com sintomas de raiva deve lavar o local da ferida imediatamente com água e sabão, e procurar um profissional de saúde para a indicação de profilaxia antirrábica.
Notificação
    O principal responsável pela disseminação da doença é o morcego, cuja presença deve ser notificada aos órgãos de saúde e de agricultura, responsáveis pelo controle e pela prevenção de zoonoses. "A forma mais eficiente de evitar o contágio da doença em humanos é por meio da vacinação de cães e gatos", explica o especialista em infectologia do Hospital Regional da Asa Sul Bruno Vaz. Em 2009, mais de 23 milhões de animais foram imunizados. Segundo o Ministério de Saúde, a campanha deste ano teve início em junho e cerca de 1,3 milhão de cães e gatos foram vacinados até o último dia 4.
    Devido à morte de sete animais após sofrerem reação grave à vacina, a Secretaria de Saúde de São Paulo suspendeu a campanha no estado. O Ministério investiga outros 72 casos de reações fortes à medicação. Mesmo se confirmados, a taxa de letalidade será considerada baixa — 0,009% em gatos e 0,003% em cães.


Fonte: Correio Braziliense